Para lá da praia

Felizmente o verão traz-nos uma mão cheia de atividades ao ar livre. A que mais gostamos é, sem dúvida, a praia. Pela proximidade, por não apresentar custos, por ter o mar ali tão perto, por permitir brincar, correr e saltar. Dar mergulhos e chapinhar. Mas não há verão sem agosto e não há agosto sem Feira Medieval. É um ritual de longa data e que faço questão de cumprir. Passei a falar na primeira pessoa porque dom marido há já algum tempo que vai por "arrasto". Não acha muita graça passear num espaço onde se é "esmagado", onde se curte o ambiente sem se conseguir ver e ouvir rigorosamente nada e onde se paga preço de ouro para dar umas trincas num pão com chouriço e beber um copo de sangria. Não sendo isto propriamente que procuramos na Feira Medieval, o que é certo é que acabamos sempre por consumir. Há uns anos atrás decidimos, por mútuo acordo, visitar o espaço durante a tarde. É bastante mais aprazível, sobretudo pela calma e pela acessibilidade às tendas, aos cafés, às diferentes exposições sendo ainda possível perder alguns minutos a observar alguns dos figurinos mais sui generis. 

Comprei uma grinalda para a M. Sonhava com isto. Não com o dia em que compraria uma para mim porque já tenho idade para ter juízo e mais importante que isso acho bem mais fofinho nas crianças. Hoje não tive dúvidas que chegara o dia em que podia comprar a coroa de florinhas e pensar que aquela menina que eu um dia imaginei assim, de grinalda na cabeça, linda, a sorrir, tal como a princesa mais bonita um dia vista e admirada estava ali à minha frente, ao meu colinho e a dizer-me baixinho A-CÓ  [Adoro-te]. 

A Maria estava fascinada com tudo aquilo. Dormiu a sesta pelo caminho e acordou já na Feira, enquanto tomávamos café com amigos. Acordou tranquilamente e depressa começou a absorver tudo à sua volta. Sempre extremamente atenta a tudo, a vislumbrar cada pormenor e sempre a fazer-se às cavalitas do amigo N. Gostou especialmente dos animais (burros, cães, cavalos, camelos, póneis e algumas aves). Mas prestou muita atenção às crianças que por ali passavam, algumas delas vestidas a rigor, com vestidos a fazer lembrar a época medieval, com as ditas grinaldas, meninos com espadas e mascarilhas. Também descobriu um panda à venda num quiosque! Acima de tudo proporcionou uma alegria imensa a quem com ela passeava pela boa disposição contagiante, pela procura insistente em conhecer mais, pela curiosidade que tão bem a caracteriza e pelos permanentes sorrisos e "qué mais".

Dizia eu que não há verão sem agosto, agosto sem Feira Medieval, mas também não há  Feira Medieval sem bolo de amêndoa! Verdade verdadinha! Eu devoro, cada vez mais, os bolos de amêndoa daqui. Todos os anos o passeio resume-se à voltinha no recinto onde se vendem os ditos. No ano em que estava gravidérrima da Maria e com ordens expressas para descansar nem de tarde visitei a Feira Medieval. Pois então e o meu bolo? Logo agora que estou grávida... A minha sogra comprou e eu comi como se não houvesse amanhã. Sim, porque até esse ano bastava-me um, mas desde então, no mínimo dois. O ano passado fomos dar a voltinha do costume e uma vez mais "um bolo de amêndoa para comer já e dois para levar". Acordei na manhã seguinte prontinha a devorar os inigualáveis bolos de amêndoa e havia mais interessados nos mesmos. A caixa dos ditos estava repleta de formigas. Antes de começar a chorar ou a dar murros na parede sacudi a praga, deixando apenas as que se escondiam por baixo da amêndoa ralada, caso contrário tirava o melhor do bolo e enfardei os dois. Confesso que tive um bocadinho de nojo, mas seria impensável deitá-los fora. 

Este ano foi "um para comer agora e 5 para levar". Um partilhei com o marido e os restantes serviram de sobremesa, no jantar de hoje, em casa da minha mãe... resta um e meio para o pequeno almoço de amanhã. Formigas, ai de vós!

Eu diria "de nada" se vocês não se lembrassem de subir os preços nas entradas à "Viagem Medieval". Em plena época de crise darem-se ao luxo de subir os preços... não achei piada nenhuma, nenhuma mesmo. Mas pronto... para este ano está e para o ano vê-se!